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Bicho, deusa, milagre

HISTÓRIAS ERÓTICAS PARA MULHERES LIVRES. SE INSPIRE E DESPERTE A SUA IMAGINAÇÃO PARA SENTIR NA INTENSIDADE QUE VOCÊ DESEJA. CONTOS PARA GOZAR, SE DELEITAR. NA VIDA, NO QUARTO E NA CAMA.

Os três primeiros meses foram insuportáveis. Enjoei, vomitei, queria dormir o tempo todo. Ter que ir trabalhar era meu pior pesadelo. A barriga ainda invisível, o milagre que meu corpo estava operando ainda não anunciado, eu não gostava dessa discrição, dos olhares reprovadores de quem achava que eu estava fazendo drama quando eu reclamava ou passava mal. Mais do que nunca descobri que num mundo feito pra homens a voz de uma mulher não vale muita coisa. 

Pensei que não ia aguentar. Quis dormir e acordar com meu filho já nos braços, pular toda a jornada. Me disseram que gerar era mágico, a cada vômito me sentia mais enganada. Quando pensei que não ia suportar, lá pelo final do terceiro mês, os enjoos foram ficando mais espaçados, até finalmente desaparecerem. Quando contei uma semana sem enjoar, pensei: estou livre. De que, ainda não sabia. Mas gostei desse pensamento, porque também me disseram que a maternidade era uma prisão. Me olhei no espelho e finalmente vi no reflexo o milagre se mostrando, a barriga finalmente visível. 

Comecei a andar na rua com um novo orgulho, uma nova ousadia. Fiquei mais impaciente no trabalho, firme nos meus limites. Cortei todo mundo que tentou tocar minha barriga sem consentimento. O corpo de uma grávida não é público, disse pra um colega que me alfinetou quando me afastei da sua mão em movimento. Ele ficou sem palavras. Comecei a fazer minha voz valer.  

Comecei a me sentir viva de novo. A libido voltou. Aliás, não era uma libido velha voltando, era uma nova. Desconhecida. Um desejo primal. Uma vontade sem palavras e sem cerimônia. Nunca tinha sentido assim: do nada, tamanha. Eu precisava de ritual, romance, preparação. Tinha que criar um clima, colocar uma música macia, abaixar as luzes, ser beijada. Aí sim, pegava o embalo, começava a querer. 

Por um tempo pensei que tivesse algo errado com esse jeito de desejar, que meu corpo estivesse quebrado de alguma maneira. Tive um namorado que me disse que eu dava trabalho - e passei anos acreditando que era trabalhosa, que me dar prazer, transar comigo, era um suplício. 

Depois dos trinta, depois de cansar de me sentir errada o tempo todo, fui estudar, procurei até curso de sexualidade e conhecimento foi poder, como sempre é. Entendi que meu desejo era responsivo, simples assim: um querer que é resposta, que é o corpo se conectando com o erotismo no seu tempo, o tesão que nasce de um contexto excitante. Passei a não mais me culpar por ele. Foi uma libertação. Comecei a me preocupar menos com o tempo que levava e, não à toa, comecei a gostar mais de sexo - me dei o tempo de gostar.

Encontrei no meu marido um exemplar raro de homem que não tem pressa. Que gosta de me excitar, de me conquistar, over and over again. Ele gosta do jogo, da sedução, não tem preguiça, pelo contrário, um dia me disse que se sente potente na brincadeira, capaz de me ajudar a relaxar, de me acender, que se sente abrindo uma porta pra eu entrar - ele reconhece que quem dá o passo sou eu, mas ele não fecha a porta na minha cara, fica lá segurando, pra eu ver que do outro lado tem sexo, entrega, putaria.

Depois de fazer as pazes com meu jeito de desejar, confesso que achei que tinha descoberto tudo que havia pra descobrir, que meu corpo estava desvendado, o sexo explorado e conhecido. Mas aí me peguei sentindo esse outro desejo. Bruto, nascendo das entranhas. Uma vontade louca de dar e me lambuzar. 

Fiquei sentindo esse desconcerto até que - numa tarde de domingo, enquanto assistimos um filme no sofá, meu corpo toma a decisão. Começo a beijar meu marido com uma voracidade inédita. Ele quase se afoga no beijo, pego desprevenido. Minhas mãos buscam seu short. Ele diz calma. Eu digo agora. Jogo nossas roupas no chão. A cortina da varanda aberta, tudo à luz do dia, nenhuma música macia tocando a não ser os sons do domingo, a vida dos outros apartamentos.

A gente nu no sofá, os poros abertos, nada a esconder: olho pra baixo e vejo minha barriga saliente, meus seios inchados. Me sinto gostosa, cheia, fértil. Vejo o pau duro do homem que amo. Me sinto desejada, desejável, desejante. E isso aumenta ainda mais essa erupção debaixo da minha pele. 

Sei que ele também estava sedento por ser tocado, que sentiu falta do meu corpo, da minha umidade. Faz três meses que a gente não transa. Caio de boca no seu pau e chupo intensa. Ele pede pra parar antes de explodir, não quer me deixar na mão. Me chupa, digo. Ele obedece. Coloca meu clitóris entre seus lábios, pincela com uma língua suave. Eu, que tenho dificuldade pra gozar com oral, começo a mover o quadril, só um pouquinho, pra frente e pra trás, pra frente e pra trás, o hálito quente dele entre minhas pernas, sua língua devotada - gozo assim.

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Mas o orgasmo não me satisfaz. Quero mais, muito mais. Ordeno o pau dele. Ele fica receoso, com medo de me machucar. Sei que não vai e lhe digo isso. Ele hesita. Não quero que ele veja em mim a imagem arquetípica da mãe santa, imaculada. Me macula, digo no ouvido dele, me come, me abençoa, me dá tua porra. Sinto ele estremecer.

Puxo-o pra perto e a gente se beija um beijo molhado, sem educação, derramado. Nossos corpos começam a suar, nossas mãos se tocam, se buscam, se encontram. Pego seu pau e o posiciono na entrada da minha buceta. Ele não se move, ainda medroso.

Fico por cima, me abro pra ele, engulo a cabeça do seu pau com minha buceta - e logo depois o resto. Seu pau me preenche, tudo lá embaixo inchado e cheio e cálido, me sinto inteira no meu corpo, no meu desejo, mais encarnada do que nunca, meu corpo uma coisa só, completa, potente, capaz de gozar, de criar, de tudo, é uma comunhão profunda, comigo mesma, com o homem que é o pai do meu filho, com a vida que cresce e se forma dentro de mim. É um prazer miraculoso, revelador, conhecedor de verdades que o corpo sabe melhor que as palavras - gozo mais uma vez ou talvez não tenha parado de gozar, gemendo e urrando, bicho, deusa, milagre.

por Lua Menezes

Lua Menezes é escritora e especialista em Sexualidade Positiva. Autora do romance erótico Rio Profano e criadora do @lascivaluaaa

 

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