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Tudo em você é fullgás

Histórias eróticas para mulheres livres. Se inspire e desperte a sua imaginação para sentir na intensidade que você deseja. Contos para gozar, se deleitar. Na vida, no quarto e na cama.

Eu e eles. O casal e a intrusa. Chegou a hora de colocarmos o tesão na mesa e tirarmos as roupas. 


Chego ao trabalho atrasada. O despertador não tocou. O chuveiro não estava esquentando. Não deu tempo de tomar café da manhã. Penso que vai ser um dia daqueles. Ao entrar no escritório, logo me abordam com entregas para ontem. Pedidos que precisam ser protocolados, audiências que precisam ser marcadas, reuniões que tem de ser agendadas. Corro para minha mesa. Tiro os sapatos e tento respirar para não enlouquecer. Lá fora, a cidade acelera conforme as horas passam e no andar mais alto do prédio em que me encontro a vida segue arrastada. O tempo suspenso da vida adulta. O horário do almoço se aproxima e dispenso os colegas e vou para casa. Tenho planos. 

Caminho com pressa até meu apartamento. Chego, abro um vinho, coloco uma música para tocar. Deito no carpete antigo e tento descomprimir o peito. Relaxo. O FaceTime toca. Levanto para atender. São eles: o casal com quem venho flertando há semanas. Ainda não transamos e sinto que de hoje não passa. Quando a tela abre, ela está com uma blusa de alça bem fininha e que vez ou outra cai de um ombro, deixando à mostra sinais que, juntos, desenham um cruzeiro do sul. Tem a cor morena de quem tomou sol na beira do mar. Os cabelos desgrenhados do jeito que gosto e que demonstram que não liga excessivamente para aparência — o que me excita. 

Ainda não sei o que ela veste embaixo, mas, parece que adivinhando meus pensamentos, diz que está nua, e ri um riso gostoso, descontraído. Ele está com uma camiseta branca, daquelas básicas e já bem gastas. Aprecio seus braços. São delineados, mas não daquele modo que faz parecer que o sujeito passa horas na academia. Perguntam se estou bem se acordei melhor da gripe se o meio turno no trabalho foi agradável no que digo sim um pouquinho aham foi sim. E aí travo. Ela diz que não preciso ficar nervosa e pergunta se eu não gostaria de tirar o blazer para ficar mais confortável. Arranco na hora até mesmo porque dentro de mim devem estar uns 47 graus.

Eles se tocam com frequência. Abraço, beijo, uma mão no ombro que desliza para um carinho na nuca. « Gostaríamos de estar aí com você », me diz ela com seus olhos castanhos agigantados e doces. Eu também desejaria, mas sei que os nove mil quilômetros e um oceano que nos separam torna tudo impossível na atual conjuntura. Quando eles se beijam carinhosamente pela terceira ou quarta vez, dou um passo audacioso nessa dança e começo a desabotoar minha blusa. Acaricio os meus seios enquanto ela posiciona a câmera um pouco mais para baixo e posso vê-la: linda, molhada, sexy. Queria sentir seu cheiro, me afogar no seu gosto. Mas é o que tenho por ora e estou tão enlouquecida por ambos que agradeço a invenção miraculosa da rede mundial de computadores. Entrando no jogo, ele coloca sua mão dentro da calça e tira o pau para fora. Sobe e desce e intercala com umas apertadas que me deixam doida. 

Também baixo a câmera. Quero que vejam quando me penetrar. Coloco um dedo dentro de mim enquanto, com um vibrador, estimulo meu clitóris. Ele a pega pela mão e a coloca no colo de frente pra câmera. Abre suas pernas e começa a masturbá-la. Meu corpo inteiro estremece. Sinto calafrios da ponta dos pés até o último fio de cabelo. Quero beijá-los, apertá-los. Sentir pele com pele. Suor, saliva. Fico vidrada na tela. Cada movimento que fazem. As mãos, os sexos. Não vou aguentar. Estou no limite. Nunca senti tanto tesão na vida. Percebo que está logo ali, chegando juntamente com o próximo toque. Não me engano: sou completamente preenchida por um clímax visceral. Gozo completamente entregue, apaixonada. Quero gritar, urrar, me debater enquanto a corrente elétrica do orgasmo percorre meu corpo inteiro. Quando abro os olhos dessa viagem sensorial louca, os dois estão sorrindo largo. Felizes. Preenchidos com o prazer que acaba de cruzar um oceano e nove mil quilômetros. 

Não quero que acabe. Cerro os olhos por cinco segundos para guardar na memória a experiência e aí o estalo: estou, de novo, atrasada. Fecho o laptop com uma despedida apressada, coloco a roupa, dou o último gole no vinho e volto. Para o tempo suspenso da vida adulta. Porém, agora, mais relaxada.

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