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Festa no motel

HISTÓRIAS ERÓTICAS PARA MULHERES LIVRES. SE INSPIRE E DESPERTE A SUA IMAGINAÇÃO PARA SENTIR NA INTENSIDADE QUE VOCÊ DESEJA. CONTOS PARA GOZAR, SE DELEITAR. NA VIDA, NO QUARTO E NA CAMA.

Preciso começar essa história admitindo que quando recebi o convite para ir à uma festa num motel achei a coisa mais cafona do mundo. “Festa em motel?”, “em 2022?”, lembro de ter pensado. E não é que esse acabou sendo palco do momento mais transgressor que já vivi? O programa tinha tudo para ser a maior furada, do local à lista de convidados nada atrativa. Acontece que se tem uma coisa que a vida me ensinou foi a fazer de limões um belo gin tonic ou, no caso, de uma festa chata a desculpa perfeita para um ménage delicioso. 

A noite começou comigo, meu namorado e um amigo que levamos de penetra, contando os minutos para ir embora. Mal podíamos imaginar que terminaríamos a balada com pernas entrelaçadas, suores misturados e músculos mais relaxados do que nunca. O amigo que nos acompanhou era um ex-vizinho da cidade do meu namorado que estava passando o fim de semana conosco. Na falta de algo melhor para fazer, ele decidiu ir junto à festa motivado unicamente pelo open bar.

Chegamos com horas de atraso. Eu esperava que, àquela altura, as pessoas já teriam bebido a ponto de esquecerem as inibições e estariam engatadas em cenas provocantes. Era um motel, poxa! Em vez disso, não vimos ninguém fazendo jus ao espaço onde estávamos. É certo que aquela festa era um aniversário e não um swing. Mesmo assim, fiquei um pouco decepcionada com a falta de uns amassos mais quentes para observar.

Entediados entramos, nós três, em uma sala do mezanino que tinha um colchão redondo enorme no meio, uma TV com filmes eróticos e nada mais. Meu namorado fechou a porta com a desculpa de que não queria mais interagir com outras pessoas. Fico pensando se nesse momento ele já tinha algum plano arquitetado. Como se estivesse me testando, ele falou pra deitarmos na cama e relaxarmos “por falta de algo melhor a fazer”. 

A essa altura estávamos naquela vibe de amigos, tirando onda e usando o humor para disfarçar o constrangimento. Até que eu me peguei pensando: “por que não?”. Nosso amigo não fazia meu tipo. Mas eu estaria mentindo se dissesse que ele não era um baita de um gostoso. Mais alto que eu, ombros enormes, corpulento, cabelo raspado e cara de poucos amigos. Resumindo: o típico macho alfa que não queremos como namorado, mas que, sabemos, pode nos levar à loucura quando se dedica na cama.

Meu namorado e eu nunca havíamos falado sobre ménage. Porém, conhecendo seu espírito livre e aventureiro, não era difícil imagina-lo performando um sexo nada convencional. Pensando em jogar uma isca e ver como eles reagiriam, olhei para a televisão e comecei a criticar as posições sexuais que via no filme.

“Nenhuma mulher goza assim”, “essa posição não ajuda ninguém”, “esse cara não tem pegada”. Fui narrando o que via com altas doses de julgamento até que nosso amigo me interrompeu dizendo “não dá para satisfazer mulher nenhuma desse jeito. Vocês não dizem o que querem”. Pronto! O jogo havia começado.

Começamos, nós três, a falar sobre preferências, sobre expectativa e realidade e até a questionar o machismo dos filmes pornôs. Antes que o papo ficasse militante demais eu me lancei com incerteza e tudo e disse: “querem que eu mostre?”. Os dois se entreolharam sorrindo. Nosso amigo ficou em silêncio. Ele sabia que a iniciativa precisaria vir do cara cuja namorada seria compartilhada e não dele. 

A resposta veio com um beijo molhado, demorado e cheio de tesão dos lábios que eu já conhecia. Ao mesmo tempo em que me beijava, meu namorado estendeu a mão para nosso amigo, convidando-o a se aproximar. Para meu deleite os dois ficaram de mãos entrelaçadas enquanto eu, no meio deles, sentia seus membros cada vez mais volumosos. Logo o beijo virou um ato compartilhado por nós três. Nunca me senti tão excitada quanto ao vê-los trocando carícias. O que um lugar sugestivo e uma certa dose de bebidas não fazem com a mente do homem hétero? 

Era delicioso ver a forma bruta, quase angustiante, que os dois usavam para se tocar. Mãos firmes no pescoço um do outro, pernas roçando e eu acompanhando tudo enquanto sentia meu corpo pedir por mais contato. Deitamos nus na cama. Foi difícil encontrar o ritmo, confesso. Ninguém fala isso sobre sexo a três, mas é preciso uma certa destreza para não se sentir de fora. Quando finalmente entramos em sintonia, parecíamos em uma dança ensaiada há muito tempo. 

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Quando fui penetrada pelo meu namorado, por exemplo, nosso amigo se ocupou chupando meus pés, mordendo minha bunda e se masturbando intensamente. Retribui com um oral nele, lambendo desde suas coxas e virilha até quase engoli-lo por inteiro. A cena fez meu namorado gozar.

Enquanto ele ainda gemia, com os pés encolhidos e respiração ofegante de quem botou para fora um gozo quase animal de tão aguardado, troquei rapidamente de colo e deixei nosso amigo virar protagonista. 

Ele se sentou no colchão com as costas apoiadas na parede. Subi sobre suas pernas e comecei a rebolar fazendo minha vulva se esfregar em sua pele. Nos beijamos o tempo todo. Ele apertava meus seios, dizia coisas que a música alta não me deixava ouvir e de tempos em tempos me olhava nos olhos como se estivesse maravilhado. Conduzi as mãos dele para meu clitoris e usei seus dedos como se fossem um vibrador. 

Passamos a chacoalhar, remexer e friccionar nossos corpos freneticamente. Fomos trocando mordidas no pescoço grudento de tanta saliva e suor até gozarmos. Primeiro eu, depois ele. Meu gozo foi longo, demorado, daqueles que se formam na ponta dos pés e sobem devagar pelo corpo, até explodirem em uma sensação de plenitude, prazer e formigamento que toma conta dos quadris, nos faz pulsar por dentro e nos impulsiona a urrar em puro êxtase. Meu namorado assistiu a tudo com um sorriso safado de quem se orgulha da mulher que tem.

Minha pele ficou marcada pelas mãos do amigo que seguraram firme na minha cintura enquanto sentíamos as últimas ondas de emoção do clímax. Era como se ele não quisesse que eu me afastasse nem um centímetro. Foi incrível me sentir preenchida por ele e perceber como minha mente se desligou por uns instantes durante aquele tempo em que só me fixei no meu prazer.

Quando saímos da suíte já não havia quase ninguém na festa, exceto uma ou outra pessoa caída nos sofás. Aparentemente perdemos a noção do tempo enquanto nos encontrávamos e nos reconhecíamos um no outro. Quem sabe não repetiremos a mesma coreografia antes que nosso amigo se despeça de nós no final de semana? 

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ESSE CONTO FOI ESCRITO POR MONIQUE DOS ANJOS.
Mulher negra com as mãos no pescoço
Monique dos Anjos é jornalista, consultora de diversidade e há vinte anos escreve sobre o universo feminino, sexualidade e comportamento. Quando não está às voltas com seus três filhos e marido, produz contos eróticos que misturam narrativas envolventes, descrições sensoriais e mulheres com corpos, desejos e expectativas reais. Confira seu projeto de contos eróticos, o Contos Erógenos.

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