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O Facetime

Histórias eróticas para mulheres livres. Se inspire e desperte a sua imaginação para sentir na intensidade que você deseja. Contos para gozar, se deleitar. Na vida, no quarto e na cama.

Três da tarde, pleno lockdown e tudo que Clara quer é um lockdengo para compartilhar a solidão. O que fazer em um sábado, frio, nublado e cinzento? Ligar para seu P.A para um facetime apimentado.

- Mais uma vez, o governador do estado de São Paulo vai decretar um lockdown. Os supermercados e farmácias já se preparam para uma corrida...

Desliguei a TV. Desde o começo da pandemia, eu já estava tomando todas os cuidados possíveis e só saia de casa para pegar o correio. Como psicóloga clínica, eu tinha o privilegio de fazer home office, mas vivia no constante trabalho de segurar as pontas dos meus pacientes - e novos pacientes, que não paravam de chegar.

Respirei fundo e fui fazer um chá, enquanto olhava o céu nublado sob as árvores do Parque da Aclimação.

Eu não sou das pessoas mais sociáveis que existem, mas consegui ir segurando minha ansiedade nos primeiros cinco meses da pandemia. A minha vida sexual - que sempre foi ativa e vibrante - tinha sido apagada pelos problemas constantes e crescentes, fora e dentro do meu trabalho.

Mas era engraçado como a minha libido ainda estava lá, uma pequena chama acesa, que persistia em me lembrar que eu queria sentir. Que eu queria prazer, que eu queria gozar.

Naquela tarde, eu resolvi falar com o Pedro. Aquele ex-namorado que virou amigo, uma amizade que não tinha muito bem um limite entre o tesão e as conversas longas sobre a vida.

Pedro também era terapeuta, também estava exausto de segurar os seus problemas. Ele ainda atendia como voluntário, pegava mais de 40 pacientes por dia, às vezes. Toda vez que nos falávamos via facetime, via as olheiras crescentes e o sorriso cansado.



Desde o começo da pandemia, não havíamos cruzado essa linha da amizade e do tesão. Mas hoje eu estava disposta a cruzar.

- Pedro?
- Oi Clara. Como você tá?
- Você sabe... tocando o barco.

Ficamos em silêncio, sorrindo um para o outro. Eu amava seu sorriso com covinhas.

- Eu sonhei com você essa noite, sabia?
- Me conta mais desse sonho.
- Você estava com aquele vestido de veludo que eu amo. Descia as escadarias de um teatro e me olhava. Acordei animado...
- Eu nem sei onde esse vestido foi parar. Era o meu favorito. Hoje só uso jeans e camiseta e camisola, o dia todo. Eu sinto saudades da sensação do veludo molhado no meu corpo.
- Você não precisa de muita coisa para ficar maravilhosa. Nessa camisola você já irradia beleza. Sinto falta do seu cheiro. De você toda.
- E eu das longas noites deitadas no seu peito.
- Porque você não abre um vinho e falamos mais sobre isso?

Fui até a geladeira e tirei o Malbec esquecido. Coloquei uma taça na frente da câmera do celular e fiz um brinde rápido.

- A nós.
- A nós, Clarinha.

Sentei de volta na poltrona enquanto conversamos. O papo meio mole, aquele flerte leve, gostoso. Sentia que minhas bochechas iam ficando avermelhadas.

- Você sabe o que eu comprei semana passada? Aquele vibrador que você me mandou por DM.
- Sério? Me mostra?

Fui até o quarto e equilibrei o celular em uma almofada na cama. Peguei a caixa de madeira na minha cabaceira e tirei o pequeno vibrador vinho.

- Nossa! Ele é lindo. Faz muito barulho?
- Nada, olha só. Viu?
- Mal dá para escutar.

Eu comecei a passar o bullet no meu pescoço, massageando. Vi que o olhar do Pedro brilhava, com um meio sorriso.

- Posso sugerir uma coisa? E se você me mostrasse como você usa?
- Desse jeito...

Eu tirei a camisa e comecei a passar o bullet entre meus seios, nos meus mamilos, já enrijecidos. Peguei um pouco de lubrificante e passei no bullet. Pedro me olhava em silêncio, a respiração ofegante, a mão indo para a bermuda.

- Eu gosto de ficar um bom tempo aqui. Na vibração baixa, até descer para a barriga. Eu lembro da sensação da sua língua perto do meu umbigo.
- Como queria estar aí...
- Você está. Depois, eu gosto de descer e por cima da calcinha, botar ele em uma boa velocidade. Assim...

Eu já estava deitada com minhas pernas abertas, minha vulva exposta para a câmera. O bullet meio inclinado, do jeito que eu gostava, como um pincel. Não falava mais. Pedro parecia incapaz de formar uma palavra. Eu ia circulando meus lábios, como um artista pintando um quadro, e gemendo baixo. 

Vi que Pedro estava se masturbando, mas seu olhar continua fixo em mim. Os olhos semi-cerrados, vibrantes, sua boca carnuda. Liguei a potência máxima e fui para meu clitóris - ofegante. 

- Clara, puta que pariu...
- Eu vou gozar... Ah!!

Mesmo a mais de 40 quilômetros de distância, gozamos juntos, entre as telas frias e a luz azul ecoando dos nossos celulares. Demos uma risada juntos. 

- A meu primeiro orgasmo via meet - brindei. 

...

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