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Swing para Duas

HISTÓRIAS ERÓTICAS PARA MULHERES LIVRES. INSPIRE-SE E DESPERTE SUA IMAGINAÇÃO PARA SENTIR NA INTENSIDADE QUE VOCÊ DESEJA. CONTOS PARA GOZAR E SE DELEITAR. NA VIDA, NO QUARTO E NA CAMA.

Elas se conheceram no banheiro de uma balada liberal e encontraram prazer de uma forma que jamais imaginariam.

Agatha e Nayara ainda se perguntavam como haviam ido parar naquela balada liberal quando seus olhares se cruzaram. Escondidas em um banheiro cheio de mulheres se refrescando entre uma transa e outra, reaplicando batons e com maquiagens borradas de suor e beijos, as duas simplesmente buscavam um refúgio. Uma tinha ido por insistência de amigos curiosos. A outra aceitou visitar o local com um ficante e acabou sendo deixada de lado logo na chapelaria.

A primeira coisa que fizeram depois de um longo sorriso foi trocar elogios. A lace cacheada e o cabelo crespo armado, o vestido preto ombro a ombro e a blusa transparente com shorts jeans, o salto alto de verniz e a sandália com amarração nas pernas... Tudo o que viam quando se olhavam parecia semelhante. E pudera. Eram duas mulheres esculturais.

A forma como Nayara, a dona da pele mais retinta, exibia seus quadris fartos e barriga cheia de gordurinhas embaixo do umbigo era hipnotizante. E, muito embora Agatha tivesse um corpo muito mais próximo do padrão dos exigentes homens cis, heterossexuais, não carregava consigo metade da autoestima de Nayara. 

Apesar de exuberantes, extrovertidas e com estilo naturalmente sensual, elas só se sentiram cultuadas quando se encontraram. Aquele, afinal, era um lugar inóspito para duas mulheres negras.

As únicas duas mulheres negras. Nem a luz escura dos quartinhos vermelhos era capazes de disfarçar a preferência da maioria que estava ali. Quanto mais clara a pele, mais marcado fica um tapa bem dado na bunda. Duas preferências que elas jamais poderiam atender. 

Conversaram sobre todos os assuntos possíveis em poucos minutos. Descobriram afinidades, pessoas em comum e o mesmo desejo de se sentirem apreciadas. Riram das músicas, reclamaram de seus respectivos dates e bolaram um plano de fuga para a padaria 24 horas mais próxima, até que as risadas altas deram lugar a sorrisos tímidos cheios de segundas intenções. 

O zíper emperrado no vestido de Nayara foi a desculpa perfeita para entrarem em uma cabine onde um aviso de “proibido transar” parecia servir como psicologia reversa.  Fecharam a porta e riram constrangidas pela proximidade que a falta de espaço causou.

Depois de algumas tentativas frustradas, Agatha conseguiu arrumar o fecho do vestido de Nayara com um movimento brusco, mas não sem antes ferir a pele da nova amiga. Sem saber o que fazer e na tentativa de amenizar a dor que causou, Agatha começou a acariciar as costas de Nayara. Vendo-a reagir com pelos arrepiados, decidiu investir mais atenção ainda ao pedido de desculpas.

Agatha umedecia a boca molhando os lábios com a própria saliva e beijava a pele de Nayara para, em seguida, soprar com gentileza sobre a área úmida. Ao mesmo tempo em que era gentil nas carícias desferidas entre pescoço, ombro e costas, o corpo de Agatha se projetava com força contra o de Nayara.

Sem dizer nada, as duas foram se comunicando pelo toque, usando a ponta dos dedos, as pernas, a língua e o pulsar de seus corpos para sinalizar suas preferências. Agatha sorriu quando os braços de Nayara alcançaram suas coxas. 

Depois de minutos de estímulos silenciosos, elas se viraram de frente uma para a outra e trocaram um demorado beijo. Os lábios carnudos de ambas pareciam feitos para se encaixarem. O corpo todo reagiu a esse enlace. Ficaram ainda mais próximas e passaram a roçar coxas e vulvas com um desejo apressado de quem não quer perder a oportunidade nem a coragem. 

Com o vestido levantado e sentindo a aspereza dos shorts de Agatha brincar com seus grandes lábios, Nayara foi a primeira a gozar. Tão excitadas quanto envergonhadas, elas riram da feição de delírio que se formou no rosto negro de Nayara pós-gozo. 

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Antes mesmo de recuperar o folego, Nayara virou Agatha de costas para si, abriu os shorts dela e enfiou sua mão calcinha adentro. Sentiu seus dedos úmidos com o líquido quente que pingava na calcinha de Agatha. 

Percebendo que Agatha havia sido tomada pelo constrangimento e se afastava cada vez mais do momento presente, Nayara a lembrou de que eram só elas duas ali e de que tinham todo tempo do mundo. Pouco a pouco o medo de serem flagradas e a apreensão que a primeira experiência com uma mulher estava causando deu lugar a uma sensação acolhedora de tesão e prazer. 

Diferentemente da experimentação de Agatha, Nayara obviamente sabia o que estava fazendo. Ora brincando com o clitóris da companhia recém-conquistada, ora penetrando-a com os dedos. Depois de algumas músicas nesse movimento, Nayara notou a respiração da amiga mais ofegante. As quatro mãos se encontraram no centro daquele corpo suado e quente e passaram a se esfregar com força e rapidez até que Agatha gozou como nunca havia antes. Uma sensação que começou a se formar nos seus quadris, desceu até seus pés e voltou como um raio eletrizante passando pelas costas até eclodir ao redor de todo seu sexo.

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A sensação de prazer foi tão desconcertante que veio acompanhada de um grito quase gutural. Trocaram outro beijo molhado, mais calmo e acompanhando de suspiros realizados, até que o som do ambiente as fez lembrar da vida que deixaram suspensa por alguns instantes. 

Quando saíram da cabine, se juntaram a uma nova leva de mulheres frente ao espelho retocando rímel e enxugando prazeres pelo corpo inteiro. Seguiram juntas a noite toda. Dançaram, beberam, voltaram a gozar uma para a outra e foram felizes num lugar que jamais imaginariam pertencer. Já não fazia diferença quem as olhava ou não.

Elas tinham encontrado tudo o que desejavam e tinham muito mais do que uma noite para desfrutar disso. 

Por Monique dos Anjos

Mulher negra com as mãos no pescoço

Monique dos Anjos é jornalista, consultora de diversidade e há vinte anos escreve sobre o universo feminino, sexualidade e comportamento. Quando não está às voltas com seus três filhos e marido, produz contos eróticos que misturam narrativas envolventes, descrições sensoriais e mulheres com corpos, desejos e expectativas reais. Confira seu projeto de contos eróticos, o Contos Erógenos.

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