Como gozar sozinha (e acompanhada)

Se sua vida sexual está monótona, saiba que você não está sozinha. A sexóloga Michaela Boehm conta que viu um crescimento nas reclamações sobre falta de desejo. De acordo com ela, a razão para as mulheres perderem essa vontade é porque estamos ficando desconectadas dos nossos corpos.  

Em seu livro, The Wild Woman’s Way: Unlock Your Full Potential for Pleasure, Power, and Fulfillment, Boehm escreve sobre a importância da consciência sobre nossos corpos - a conexão entre a mente-corpo, ela fala, é o segredo para encontrar um prazer mais profundo. Nós temos que escutar os sinais dos nossos corpos - e ela indica nos movermos ele através de exercícios práticos para nos trazer de volta os sentimentos e os sentidos. 

Essa mudança gradual, ela explica, pode nos ajudar a liberar a energia e mexer com as coisas boas e ruins dentro de nós. “Nosso corpo é o nosso maior aliado e frequentemente é mal utilizado quando falamos de prazer e intuição” - ela diz - “Quando nós estamos nos conectando de volta com nosso corpo, nós conectamos com uma grande fonte de poder e é um portal para descobrirmos quem nós realmente somos.”

O que é a mulher selvagem?

A mulher selvagem faz parte de todas nós. Ela é parte conectada com a natureza, a nossa inteligência corporal que nos mantém vivos como espécie e um canal que ainda conseguimos nos conectar.

Ela é o arquétipo que nos convida a revelar partes de nós mesmas que são misteriosas, livres de crenças, limitações e hábitos condicionados pela sociedade. Ela é parte de cada mulher que vem da natureza e é parte da natureza. 

Eu trabalho com esse arquétipo como um portal do empoderamento natural, no qual nós entendemos que não devemos virar outra pessoa para sermos amadas, não precisamos alterar quem nós somos, e cada uma de nós nasceu com uma genialidade natural que pode ser revelada e vai florescer com a ajuda do nosso corpo. 

Essa expressão natural parece e é percebida de maneiras diferentes para cada mulher. Não existem dogmas, ideias pré concebidas ou modelos que devemos nos encaixar, mas sim engajar com essa expressão como uma porta de entrada para o nosso rico interior. 

De onde vem essa desconexão com os nossos corpos?

Como mulheres, nós somos conectadas intrinsecamente com nossas partes inferiores, a habilidade de criar, nosso instinto, a habilidade de sentir prazer, assim como procriar, fica nas partes inferiores dos nossos corpos. 

Muitas mulheres com que eu trabalho vivenciam uma perda gradativa da conexão com os sentimentos e sensações do próprio corpo, especialmente as regiões genitais. Com o estresse e a sobrecarga vem o tédio, os mecanismos de adaptação negativos - que podem ser uma forma de distúrbio alimentar, vícios e desconexão. 

Quando somos muito mentais - significando que nós priorizamos os pensamentos ao invés de sentir e ser - nossos pensamentos e ações podem ser compulsivos e nosso corpo fica tenso e rígido. Dores de cabeça, bruxismo, dor no pescoço estão virando sintomas muito comuns na sociedade moderna. 

Sabendo que a energia fica parada e descobrindo as áreas de tensão e rigidez são os primeiros passos para distribuir essa energia retida. Movimentos simples dos quadris, coxas e parte inferior dos nossos corpos podem agir na tensão dos membros superiores e no pensamento e preocupações excessivas. 

Como nós liberamos essa energia retida?

Existe um exercício simples que é trazer a consciência e energia de volta para os nossos membros inferiores. 

Fique de pés descalços em pé com eles firmes no chão. Note a textura do chão debaixo de você. Comece a mover seu corpo sem mover seus pés, mantendo eles firmes enquanto você explorar como o seu corpo vai se mover. Tente se esticar para cima e alongar sua coluna. Mexa seus quadris, gire-os e alongue. Você pode girar o pescoço e os ombros, faça caras engraçadas e até coloque a língua para fora. Faça o que sentir que é certo para o seu corpo. 

Depois traga a atenção de volta para seus pés, enquanto você está em pé, e note os seus membros inferiores. Perceba se suas nádegas estão retraídas junto com seu assoalho pélvico. Veja se você pode gradualmente soltar a tensão relaxando os membros inferiores, imaginando a tensão saindo por suas pernas até o chão. Você pode fazer isso enquanto está sentada na mesa de trabalho como uma maneira de se conectar com o centro de poder da parte inferior do corpo. 

No seu livro, você fala do prazer como um direito - mas porque tantas mulheres relatam ter essa queda de desejo?

Um aspecto do desejo é conectado com quantas sensações nós conseguimos sentir nos nossos corpos. Quando nossa percepção está alterada pelo estresse, sobrecarga sensorial e outras demandas de uma vida corrida, nós não conseguimos sentir muito os sinais dos nossos corpos, incluindo o desejo. 

Existem muitos fatores que contribuem para isso. Os mecanismos do corpo de ação podem tirar a energia da parte inferior dos corpos para a cabeça, pescoço e ombros - deixando nossos corpos mais tensos. O desejo surge principalmente quando o corpo está aberto, relaxado, fluindo. 

Adicione a falta de tempo, sono e intimidade emocional para esse mix e para muitas de nós, o pensamento de estar sexualidade engajada com nós mesmas ou um parceiro pode parecer mais como uma tarefa do que um prazer. 

A minha primeira tentativa de conserto é diminuir os fatores externos (ficar longe dos estressores mais óbvios, como eletrônicos, social media, e discussões e relações tóxicas). Depois falo para o cliente fazer exercícios para trazer a parte sensorial de volta e com ela, a sensação sensual para o corpo. 

Como criar uma relação com nosso corpo de prazer?

A melhor maneira de começar a retomar nosso estado natural de prazer é se conectando com as sensações dos nossos corpos. Nós podemos remediar os padrões existentes de estresse e de tensão aprendendo novas atividades que, com o tempo, viram novos padrões para nossos corpos. Novos hábitos. 

Esses dois métodos paralelos que podemos usar. Primeiro, nós ficamos atentos à tensão e rigidez do corpo e remediamos essas restrições trazendo a energia para a parte inferior do corpo. A maneira mais fácil de fazer isso é mover seu corpo livremente - através da dança da sua música favorita no começo ou no final do dia. 

Depois, você pode se atentar para as experiências sensoriais que já estão disponíveis. Ao invés de procurar estímulos externos, que frequentemente requerem mais ação, você pode ficar atenta ao que já está ali. A sensação do seu cabelo na sua nuca, a sensação do tecido nos seus quadris, uma mordida em um chocolate, beber um chá, o cheiro de flores frescas podem informar seus sentidos e te conectar com a percepção de prazer. Com o tempo, essas pequenas percepções sensuais treinam o corpo para ficar mais atento e vivo para a conexão sexual com seu parceiro e consigo mesma. 

Como criar conexões íntimas em relacionamentos?

De uma maneira prática, fique longe dos estressores da vida: particularmente eletrônicos e mídias sociais. Essa é a ferramenta número um para criar conexões mais íntimas. Antes de participar de workshops, sessões de terapia, ou sair de férias, considere se você consegue se conectar no dia a dia com seu parceiro.  

Comece com dez minutos, então você não vai ter desculpas: você sempre vai ter um tempinho. Sente com o parceiro e tente não se distrair: converse sobre a vida. Se quiser, tenha algo para vocês beberem, e comece a se conectar com um simples toque. Se vocês estiverem falando, tente escolher os tópicos do assunto desses dez minutos com carinho. Quando eu trabalho com casais, eu gosto que eles tomem seu tempo ao se elogiar - isso tem um efeito interessante e de aprendizado na dinâmica do casal. 

Uma chave para um relacionamento íntimo funcional é determinar o propósito do relacionamento. Por exemplo, se os dois parceiros definirem que o propósito é cuidar dos filhos e criar os filhos bem, isso determina as prioridades dentro do relacionamento. Pode ser que tenham várias atividades e objetivos diferentes e objetivos que o casal escolhe fazer por diversão, aventura sexual ou viagem. 

Muitas vezes uma intimidade desconectada cresce quando o propósito não está claro e as expectativas não estão alinhadas. Às vezes o propósito muda (quando as crianças saem de casa, quando um dos parceiros quer um filho e outro não quer) e as metas têm que ser redefinidas. 

Definir ou redefinir o propósito da intimidade pode resultar em uma proximidade maior e conversas francas sobre outras áreas da vida que podem ser exploradas e ajudar no relacionamento.

Existe uma diferença entre o prazer sexual e o sensual? Qual é mais importante? 

Eu acredito que o prazer sensual aumenta e contribui para o prazer sexual. Eles estão conectados. Nós podemos definir o prazer sexual dos genitais que podem potencialmente trazer um orgasmo e o prazer sensual que é por todo o corpo e cria uma sensação de bem estar. 

Como mencionei antes, quando estamos estressados ou sobrecarregados ou vivenciando um trauma (novo ou antigo), nós não estamos mais sensíveis para viver as sensações. Isso pode resultar em um prazer diminuído.  

Uma maneira de aumentar as sensações é criar mais estímulos, mas não é bom exagerar. Outra maneira é focar na consciência sensorial e treinar a sensibilidade, que permite que o prazer sexual fique mais facilmente disponível. 

Como você trabalha o trauma com seus clientes?

Nós podemos olhar para seus sentimentos e emoções pela ótica do corpo. Uma vez que entendemos que o corpo tem sua própria inteligência e mecanismos de aliviar o estresse, tristeza e trauma, podemos melhorar o nosso sensorial. 

Para a inteligência do corpo entender que precisa de alívio, precisamos permitir uma forma não linear e não estruturada de movimento físico que vão soltar a carga emocional através do alívio corporal. 

Existem muitas formas somáticas prontas para facilitar esse tipo de alívio. O exercício que mencionei antes traz a atenção e a energia de volta para os membros inferiores é uma boa pedida.

Sabendo que podemos fazer que o corpo tenha esse alívio, podemos curtir a vida e ao mesmo tempo saber que temos as ferramentas para cuidar das nossas feridas e traumas. Nós podemos usar o movimento somático como uma maneira de trabalhar com experiências passadas assim como algo ruim acaba de ocorrer. A boa notícia é que o corpo sabe o que fazer, você só precisa acessar a genialidade corporal. 

Escrito por Michaela BoehmTradução livre de artigo publicado originalmente na Goop. Leia o artigo original.

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