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Cinco anos III

Histórias eróticas para mulheres livres. Se inspire e desperte a sua imaginação para sentir na intensidade que você deseja. Contos para gozar, se deleitar. Na vida, no quarto e na cama.

Felipe

No dia seguinte, eu acordei com o cheiro de panquecas caseiras. E ela ainda estava usando sua camiseta gigante, com a gola caindo sob um ombro. Ela mordia gentilmente os morangos antes de colocá-los na boca. Um por um. 

- Olha! Ela também cozinha.

- Claro! É sua receita.

- Você leu o manuscrito que estava caído enquanto estava na cama...

- Sim. Acho que mandei bem nas panquecas.  

- Essas receitas ainda nem foram publicadas. Você teve acesso à informação privilegiada. 

- Ah! Então melhor eu não postar - ela falou, debochada.

- Sim, você pode ter muitos problemas.

Ela me pegou pelos pulsos, me levou de volta para subir as escadas. A semana inteira foi assim. A gente mal respirou. A melhor comida, o melhor sexo. O melhor sono que tive em três meses. Nossos corpos recarregando, enlaçados, só para dormir, descansar e começar tudo de novo.

Sofia

O plano era deixar as coisas mais casuais. Mas ele era muito bom em sentar e ficar em silêncio comigo. Seu braços envolta do meu peito, pacientes, só esperando para eu querer continuar. Tinha que tomar cuidado para não falar muito. Eu contei pra ele como as coisas desandaram no trabalho e como meu ex e eu tínhamos visões diferentes do futuro da empresa. 

- Honestamente, do jeito que você tá me falando, parece que ele não estava pronto para você. 

Eu não escutei a voz na minha cabeça dizendo para eu segurar o freio. 

Felipe

Eu não sei o que estávamos fazendo. Não tinha nem a ideia da quantidade de dias que ficamos juntos. Mas isso não parecia muito importante - eu estava completamente consumido pelo corpo dela. Eu coloquei ela em cima de mesas de mármore, o cheiro de filtro solar e manteiga de karité já estavam em todos os tapetes da casa. A melhor vista da varanda era ela abraçada comigo. Se ela vai me dar só essa semana juntos, eu queria aproveitar cada momento. Cada fração do que ela pudesse me dar.

Sofia

Eu levantei os cobertores no pé da cama. O algodão macio e frio encostava em nossas pernas. Ele virou e ficamos frente a frente, pernas entrelaçadas e nossos cílios quase se encostando. 

- Você sabe, eu acabei de terminar um relacionamento sério. 

- Sim, eu sei. Você falou.

- Isso não pode acontecer agora...

- Tá. Mas e o fato que você me beijou? Eu tava cancelando a minha viagem. Indo pra casa. Pra gente não ficar tão juntinho assim - ele disse, já me beijando.

- Não faz isso - disse, rindo. 

- Para de se fazer de durona!

- Eu não tô sendo durona. Mas eu não quero isso. Eu não tô pronta pra começar algo com você.

- Assim, eu também não. Mas você também sente algo. 

Felipe

O sol começava a subir e iluminava o contorno dos lábios dela. O silêncio dela falava em volumes. Minha dúvida voltou a me atormentar. A verdade é que eu também não estava procurando por algo novo. Tinha muita merda acontecendo na minha vida, sabe, muita coisa pra lidar. Mas ela me fazia esquecer tudo aquilo. Ou ela tentava transpassar que ela também conseguia lidar com minhas merdas.

Sofia

- Onde você foi? - ela veio me abraçar.

- Não, me desculpe. Eu precisei ficar sozinho hoje.

- Não, não, tudo bem. Eu entendo. Você não consegue agora. E eu também não. Você não me conhece de verdade. 

- Escuta, eu quero te conhecer melhor...

- Mas eu não te conheço. 

- Sofia... - ele me olhou desconfiado, meio irônico.

Parecia que aquelas palavras estranhas estavam sendo cuspidas da minha boca, e eu me arrependi no momento que elas saíram de mim. Eu sentia que conhecia ele sim. Eu sabia quais eram suas primeiras memórias na cozinha com seu pai. Eu sabia como sua voz mudava quando ele ficava animado ao falar sobre comida salgada. E como ele tinha cosquinhas quando eu passava minhas unhas por dentro das suas coxas. Mas eu não conseguia confiar em mim mesma. Tipo, meu histórico era uma merda. Por que dessa vez seria diferente?

- Bom, o que mais você quer saber?

- É irritante. Você sabe que é charmoso pra cacete. 

Nos beijamos. Foi rápido, forte, confuso.

- Eu concordo. É rápido.

- É rápido demais. 

- Então... é assim? acabou?

- Nós combinamos que a gente se daria de presente essa semana juntos. Você não aproveitou? 

- O problema é que me diverti demais. 

Eu achei graça. Felipe era muito convincente. 

- Então vamos deixar assim. 

Felipe

- Mas se eu não quiser? 

Ela levantou sua cabeça de cima do meu peito. Olho no fundo dos meus olhos. Como se ela tivesse uma nova ideia que mudou a sua convicção. 

Sofia

Eu não posso abandonar todo o meu ceticismo pra seja lá o que seja isso que temos. Ao invés disso, eu beijei ele com força. Era a coisa mais real que poderia falar para ele. 

Felipe

Nós ficamos incansáveis a semana toda. Nossas mãos se procurando, explorando todos os cantos dos nossos corpos. Como se fosse beber água. Mas agora ela parecia estar tensa em cima do meu peito, o peso de suas coxas pesaram em minhas mãos. Eu sentia que ela poderia não ficar mais comigo. E se eu pegasse nas pernas dela de novo? Porra, eu morreria por essas pernas. Eu beijei seu queixo. Enfiei meu braço por baixo do travesseiro e a abracei. Ontem eu descobri que ela adorava carinho debaixo da orelha. 

- Posso te lamber aqui rapidinho?

- Hmmmm. Sim...

Eu escutava nossa respiração pesada. Coloquei minhas mãos em sua vulva, molhada. 

- Esfregue em círculos meu clitóris. Isso, assim...

- Eu quero que você lembre de mim desse jeito. Fazendo carinho na sua buceta. Como vou sentir saudades...

- Isso, ai, continua...

Sofia

As mãos dele eram como uma extensão dos meus pensamentos mais silenciosos. Ele sabia subir e descer e mexer no meu clitóris no momento certo. Eu abri mais minhas pernas. Senti meus olhos se revirando e tentei acalmar minha respiração. Nossa, os meus pensamentos. Minha mente não parava. 

Felipe

Eu circulava no seu clitóris com a ponta dos meus dedos. Coloquei os dedos dentro dela e depois os arrastei de volta pro clitóris. Cada vez mais rápido. Beijando o pescoço dela. Ela ficou bem quieta. Bem parada. Como se estivesse segurando o prazer. 

Ela mudou de posição. Ficou bem de lado, sua bunda nos meus quadris, enquanto eu esfregava meu pau nela. Nós nos beijamos assim. De lado. Nossos corpos se encaixavam perfeitamente. Esfregava a cabeça do meu pau no seu clitóris. Sentia o coração dela como o de uma borboleta nas suas costas. 

- Mete em mim...

Ela me guiou para dentro dela. Vimos o choque inicial preencher nós dois. 

- Você gosta lentinho assim?

- Hmmmmmmmmm. Amo!

Ela gemia alto. 

Sofia

Eu amava quando ele liderava assim. Quando ele falava sacanagem. Como ele fazia de um jeito que eu não pudesse esquecer. O corpo dele era lindo em cima do meu. Eu peguei nos seus quadris e fiz ele ir mais fundo. 

- Vai! Mete fundo...

Felipe

Eu sentia a excitação dela correr entre nossas pernas e cair na cama. Ela abriu mais suas pernas. Coloquei meus dedos no seu clitóris. Era tudo tão fácil quando eu estava com ela. Eu queria ser a pessoa que pudesse dar tudo o que ela precisasse. Mas era mais difícil ainda quando o que ela queria era tudo o que sempre sonhei em fazer. 

Sofia

- Porra! Ai... Vai!

Os quadris dele estavam fortes contra o meu e eu fazia o possível para empurrar ele mais pra dentro, ir mais forte. Eu empurrava contra ele com toda a força. Meus dedos estavam trêmulos. Eu não queria que acabasse, mas eu não conseguia parar de sentir o orgasmo intenso que vinha vindo. Ele estava me dando exatamente o que eu pedi. 

Felipe

Eu senti a buceta dela apertar. Ficar mais quente. As pernas dela tremiam.

- Eu tô perto!

- Eu tô sentindo!

Ela gozou com um gemido alto. Eu não aguentei e gozei logo depois. Era demais.

Deitamos e eu abracei ela. Me recusei a levantar e ir para outro quarto. Acabar com tudo isso. Então eu deitei ali. Eu me recusava a mexer. Em acabar aquele momento perfeito. Eu queria poder parar o tempo. 

Sofia. 

Ele fazia carinho nas minhas costas. Suas mãos doces e gentis. Eu não sei se foi isso, mas eu não pensei duas vezes e falei:

- E se cinco anos passarem, e eu ainda pensasse nesse final de semana? Eu prometo voltar nessa casa e esperar por você. E nós vemos o que acontece depois.

- Cinco anos?

- Sim... Tempo o suficiente para saber se o que tivemos foi real. 

- Mas e se eu não puder esperar tudo isso?

- Aí você não aparece. Ou eu não apareço. Nós não nos falamos até essa data.

Ele achou graça.

Nós só deitamos e ficamos ali por mais um tempo. Nossas peles se encostando e grudando com o suor. E me peguei quase adormecida pensando que esse seria um bom plano. Foi o primeiro pensamento claro que tive toda aquela semana. 

Fim.


Tradução livre de podcast publicado originalmente no Dipsea. Escute o áudio original.

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