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Dos desejos que a tarde traz

HISTÓRIAS ERÓTICAS PARA MULHERES LIVRES. SE INSPIRE E DESPERTE A SUA IMAGINAÇÃO PARA SENTIR NA INTENSIDADE QUE VOCÊ DESEJA. CONTOS PARA GOZAR, SE DELEITAR. NA VIDA, NO QUARTO E NA CAMA.

Foi em uma dessas luzes de fim de tarde que o conheci, enquanto fazia minha caminhada de todo dia por entre as quadras arborizadas do campus. A rotina maçante de leitura e estudos fazia dessa a minha hora preferida do dia, quando ordenava à cabeça que parasse e desse ao corpo as doses de endorfina que ele precisava para resistir mais um dia. Só não imaginava que, com uma simples caminhada, alimentaria também o meu tesão.

Ele andava com seu grupo de amigues e eu os acompanhava de longe às vezes, tentando, com isso, não seguir por uma rota totalmente insegura. Quando apareciam na mesma hora em que eu estava saindo, um misto de alívio me surgia, pois sabia que, naquele dia, eu podia usar meus fones de ouvido com tranquilidade e acompanhá-los a uma distância que não me sentisse sozinha. Quando chegávamos à última praça do bosque, eles acompanhavam o pôr do sol que dava para a baía, se alongavam e alguns faziam yoga. De meu banco, eu também assistia essa luz linda de fim de tarde deixar tudo melancólico, ouvindo um jazz e me sentindo dentro de um filme. 

Começamos a nos falar em um dia em que ele havia se atrasado para encontrar o resto do grupo e me alcançou caminhando mais atrás, como de costume. Depois de ter me acompanhado uma vez e termos descoberto algumas leituras e ódios em comum, virou rotina que ele desgarrasse “atrasado” de seu grupo para fazer companhia a meus passos mais preguiçosos e contempladores do que “fitness”, de fato. 

Nunca perguntei se ele tinha namorada, e ele também não o fez. Acontece que, com o passar dos dias, entre discussões teóricas em comum de nossos cursos e ao som da passarada do fim de tarde, comecei a desejar que ele me tocasse. 

Acompanhava com atenção suas mãos gesticularem enquanto falava de alguma coisa que o empolgava, imaginando alguns desses gestos passeando pela minha carne. Observava de relance o volume em seu short de exercício e como ele marcava à medida que caminhava, fazendo com que parte de suas coxas ficassem à mostra com os passos. Imaginava quais caminhos por seu corpo despertariam arrepios enquanto sentia o vento despertar em mim mesma um arrepio, com a chegada da noite. E também como devia ser bonito esse cabelo solto despenteado, recém-bagunçado por mim. Secretamente e de maneira platônica, passei a desejar meu parceiro de caminhada discreto sobre a vida pessoal e quase inalcançável. Mas vejam que eu disse “quase”!

Com a chegada das provas finais, os grupos de exercício fim de tarde começaram a diminuir, restando só eu e ele na maioria das vezes. Fim de semana, quando ia visitar sua família ou sumia do campus, eu ficava melancólica e aumentava ainda mais a vontade de tomar uma atitude, fazer um convite nem que fosse para um jantar no bandejão, um sarau, uma festinha do DCE. Até que aconteceu, e, em uma dessas tristezas de saudade após o fim de semana, em um surto de coragem, eu lancei:

— Quando não nos encontramos, eu sinto sua falta… — Mal terminei a frase e senti meu rosto se corar inteiro e esquentar, me fazendo olhar por uns instantes apenas para o chão em que estava pisando, e não para seu corpo, como de costume. 

— Também sinto. Não percebeu que eu até me desgarrei do grupo para andarmos em paz?

Eu já tinha desconfiado disso, na verdade, mas não rendi o assunto porque achei que fosse coisa da minha cabeça desejante. Nesse dia, fez um fim de tarde especialmente colorido, não sei se pelo sol mesmo ou se pelos meus olhos, que enxergavam, agora, todo um caminho possível de desejo. Sentados no banco da praça, conversamos mais frivolidades que de costume, trocamos memes, nossos contatos de rede social e, finalmente, nos beijamos: aquelas mãos que tanto gesticulavam agora entregariam seus gestos por aqui, em meu corpo. 

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Sentados de frente um para o outro com as pernas cruzadas, foi natural que nossas pernas se entrelaçassem entre beijos e conversas soltas, de modo que minhas coxas ficaram por sobre as suas, quase como uma sentada mais safada, e nossas mãos ficassem livres para as carícias que surgissem com o tempo. E sugiram, primeiro brandas, despertando arrepios. Depois, intensas, pressionando minha cintura contra seu corpo e fazendo com que minha vulva chegasse bem próxima do pau que eu tanto manjei despretensiosamente por cima do short. Suas mãos subiam por debaixo da minha camiseta entre nossos beijos e terminavam em meus peitos, passando pela cintura para disfarçar, em um amasso adolescente delicioso, já que estávamos em uma praça e alguém podia chegar. Percorri pelas suas costas com a ponta dos dedos um caminho até sua nuca e senti a pele arrepiada que imaginara antes, fazendo com que o desejo por mais e mais desses arrepios crescesse aqui dentro de mim, como uma chama que vai lambendo tudo que pode. Em seguida ao arrepio, não me contive e desamarrei o coque que prendia seu cabelo, confessando, entre seus lábios, minha vontade de despenteá-lo inteiro. 

E, como a noite já avançava e o barulho dos grilos ao redor nos anunciava a hora de voltar, sem delongas e lidando com a pressa ardente de nosso desejo, também com os lábios colados aos meus, ele quis saber:

— No seu quarto ou no meu? Só escolhe e vamos…

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