O que realmente significa ser sexo positivo ou sex-positive?

Não é sobre fazer ou querer mais sexo, é sobre respeitar nossas próprias expressões culturais

Foto de @ddaglobe

A expressão sexual está em todo lugar. Acendendo os outdoors da Times Square. Nos seduzindo em um comercial de perfume. Saindo dos nossos fones de ouvido e telas. E como é natural do ser humano, isso é algo que muitas pessoas lutam para expressar abertamente - algumas vezes só quando as luzes estão baixas e as cortinas do quarto estão fechadas. Os estigmas e tabus são uma constante. 

Então entra a sexualidade positiva. É um termo que têm circulado nos anos recentes, e levanta a revolta contra a vergonha que tomou conta da sociedade. Mas é mais complexo que isso. Ativistas falam que o sexo positivo não é apenas uma tendência, mas um novo modo de viver que procurar informar, curar e revelar, enquanto combate a discriminação, a marginalização e a cultura de se manter para sempre jovem. Na sua essência, começa quando jogamos fora as percepções do que é e do que não é sexualmente normal, e começa com uma receptividade sem julgamentos de estilos sexuais e interpretações (ou assexualidade) que sejam legítimas e genuínas para o indivíduo.  

Então se você está indeciso como a sexualidade positiva pode te beneficiar, aqui estão alguns especialistas para te ajudar a entender como engajar da melhor maneira com o seu direito ao prazer, enquanto respeita o desejo do próximo. 

Para entendermos sexualidade positiva, temos que confrontar o oposto - a cultura da sexualidade negativa.

Essa percepção implica que a sexualidade humana é por natureza perigosa e indulgente, e precisa ser contida na maioria das circunstâncias. Ela incita o medo, a restrição e a polarização - encorajando apenas o sexo que é considerado “tradicional”. E condena a discussão sobre o sexo entre os lençóis. 

“Existia um movimento faz algumas décadas que encorajava os jovens a esperar para fazer sexo depois do casamento. Pode ser que a intenção tenha sido boa, mas na verdade criou um senso de vergonha quando eles não conseguiam aderir a esses ideais” conta Dr. David Yarian, PhD, psicólogo e terapeuta sexual. “Se eles tivessem pensamentos ou sentimentos sexuais, eles poderiam acreditar que havia algo de errado com eles. Esse tipo de pensamento é negativo e os priva de informações reais e da ciência” - ter um pensamento sexual é tão natural como tossir, espirrar ou sentir sede. 

“Infelizmente, toda essa estratégia de aquietar as curiosidades sexuais das pessoas jovens é raramente algo que fica somente na juventude, eles acabam levando essa carga para a idade adulta. E isso gera todo tipo de confusão e problemas.” - conta o Dr. Yarian.

Os estigmas culturais são complicados e chatos. A sexualidade positiva quer mudar isso. 

Nenhum de nós têm uma vida perfeita, e a maioria dos humanos entende e está disposto a compreender o próximo. Acidentes e erros acontecem toda hora - na cozinha, no tráfego e no local de trabalho. Entretanto, a sociedade têm achado difícil manter esses ethos cultural quando é aplicado a sexualidade humana. 

Ser sexo positivo significa que você pode dizer: “Esse é meu corpo. Essa é minha vida. Esses são meus desejos”. 

Por exemplo, quando soubemos que nosso vizinho está com gripe, podemos trazer para eles uma canja de galinha. Quando um colega de trabalho se acidenta, nós podemos pegar o correio para eles e deixar na sua porta. Mas se alguém que nós conhecemos contrai uma DST ou tem uma gravidez indesejada, nós podemos ficar desconfortáveis e evitar eles quando poderíamos estar os apoiando. É interessante saber que algumas das pessoas que mais criam tabus em relação ao sexo podem ter tido histórias semelhantes. 

A educadora sexual Nadine Thornhill desafia seus estudantes a olhar para sexualidade assim como nós olhamos para a alimentação: “Às vezes comemos bem, e algumas vezes comemos comidas que não são saudáveis e podem dar dor de barriga. Não é razoável julgar uma pessoa que não é perfeitamente cuidadosa em relação aos seus contraceptivos ou não pratica sempre sexo seguro. Não é diferente de qualquer imperfeição do ser humano.” - afirma. 

Thornhill conta que nós temos a tendência de virar as costas para aqueles que estão sofrendo como resultado das suas escolhas sexuais. Isso, ela conta, não é só sem consideração alguma, mas injusto. “Em muitos casos, envergonhar alguém por ter contraído uma DST ou ter engravidado não é muito diferente de afirmar ‘Bom, você saiu no frio sem um casaco grosso e agora está resfriado, então agora não posso ter compaixão com você.’ É fácil também esquecer que nenhum método de prevenção é 100% efetivo, e muitas vezes não é falta de responsabilidade, mas um plano responsável que falhou”.

Quando a expressão sexual é escondida no escuro, não significa que ela vai diminuir ou se tornar menos poderosa. 

Quando a sexualidade é forçada a ficar escondida, um indivíduo pode travar uma guerra interna com seu próprio corpo. Thornhill comenta que isso leva a uma atitude sexual impulsiva e destrutiva. “Desejos e sentimentos sexuais podem aparecer nos momentos que a pessoa pode não estar munida com informações para lidar, monitorar e controlar esses sentimentos, ou curtir o sexo de uma maneira autêntica.” O sexo positivismo têm como uma de suas metas combater a supressão sexual imposta

Vanessa Marin, psicoterapeuta e terapeuta sexual diz que ela tem uma longa lista de clientes que a sexualidade era uma forma de armadura por variadas razões. Ela acredita que isso leva a criação de múltiplas desconexões com o senso individualidade e psique - e isso pode os atormentar por décadas. “Muitas pessoas vem para fazer consultas comigo e se dão conta que elas foram ensinadas, direta ou indiretamente, que a sexualidade é inerentemente ruim. Isso pode acarretar todo tipo de repercussão possível - baixa autoestima, nunca estar presente com seus parceiros, e se achar em situações inseguras porque elas nunca tiveram os recursos necessários para se proteger”. 

Yarian conta que ele fica mais impressionado com o nível de ignorância que as pessoas têm sobre sexualidade - especialmente quando elas falam delas mesmas. E ele não está falando das mecânicas do sexo. Muitas vezes ele desafia seus pacientes a imaginarem a maneira que as crianças ou bichinhos brincam, e a curiosidade inocente e felicidade do ato. Yarian conta que uma atitude positiva em relação ao sexo começa com experimentações leves. “Fundamentalmente, eu acho que a sexualidade positiva é sobre olhar para o sexo sem julgamentos, pressão e leveza, algo divertido”. 

Virar sexo positiva traz resultados únicos para todos.

A sexualidade positiva diz que não existe um tipo de “normal”, e que devemos honrar o direito das pessoas quererem saciar suas curiosidades, expressões e interesses. Fala sobre deixarmos nós mesmas e outros para terem liberdade sobre o quanto falamos e fazemos sexo. Porque ter uma visão positiva sobre sexualidade deixa claro que todas as partes envolvidas devem estar felizes e seguras, praticando o sexo mais autêntico para si mesma possível. 

Por exemplo, você pode doar toda sua coleção de lingerie porque se dá conta que odeia cada peça. Ou um parceiro para de engajar sexualmente em certas posições porque ele se dá conta que algo que antes você sentia prazer pode ter sido por anos entediante ou desconfortável. 

É essencialmente se dar permissão para continuar reescrever sua própria história sexual, desde que não incomode a história sexual dos outros. “Ser sexo positiva inclui você declarar que esse é seu corpo, essa é a sua vida, esses são seus desejos. Você é um adulto e pode se perguntar: o que eu quero para minha sexualidade?” - conta Marin. “Não é sobre ter cada vez mais ou menos sexo, mas sobre respeitar sua expressão sexual como a dos outros, ambos livres para mudar a qualquer hora.”  

Quando você toma o controle do seu corpo, você consegue entender e deletar as mensagens negativas que chegam até você.

Seres humanos querem honrar o direito de ter prazer todo dia - seja colocar no botão de snooze do despertador, tomar um cappuccino, comer um pedaço de pizza, ou ir passear. Por quê existe essa hesitação para sermos plenos em nossas escolhas sexuais? 

Marin explica que o processo de virar sexo positiva é mais complicado do que se pode imaginar, e requer coragem e paciência. Ela diz que você pode começar olhando como sua mente foi programada - desde os anos formativos. “Você deve se perguntar se você concorda com as mensagens que foram passadas desde a sua infância sobre sexo, ou se você carregou elas ingenuamente até sua vida adulta. O próximo passo é se perguntar o que você quer acreditar: quais são seus valores quando se trata da sua própria sexualidade? Você está satisfazendo os seus desejos ou está apenas os ignorando?”

Thornhill conta que isso inclui ser aberta para formas de sexualidade que foram por muito tempo transformadas em um tabu por gerações, e que a vontade coletiva da sociedade de mudar nosso pensamento, ensino e o que falamos sobre sexo é vital para essa mudança. “Só foi nos últimos 150 anos que os orgasmos femininos foram considerados normais - antigamente eles eram considerados histeria” - conta - “Eu acredito que fizemos progresso, mas ainda existem muitos enganos que estão embutidos em nossa cultura. Assim que começarmos a entender nossa sexualidade, vai fazer parte do papel da sociedade remover os parâmetros restritivos da expressão sexual - que atualmente, é intrinsecamente associada a reprodução planejada.”

Entender a sexualidade humana de forma positiva é como entender a diversidade humana de forma positiva. 

Novamente com analogia à comida, Thornhill fala que é raramente difícil aceitar o hábitos alimentares de um amigo, e é assim que devemos começar a entender a sexualidade positiva. Porque embora você possa ser uma pessoa exigente com comida que prefere sabores simples que te dão conforto, seu amigo pode gostar de sabores diferentes e fortes. E no final do dia, assim como os hábitos alimentares, a expressão sexual pessoal e orientação não são da conta de ninguém a não ser da própria pessoa. “Você pode aplicar o mesmo conceito da comida para sexo. Se você pode aceitar o direito do seu amigo comer o que ele quiser, a não ser que ele esteja violando os direitos de alguém, você pode respeitar suas escolhas sexuais” - ela afirma. 

O Dr. Yarian concorda. Nos seus 20 anos de trabalho, ele diz que já encontrou todo tipo de comportamento humano sexual. Nós somos seres criativos e idiossincráticos, e nossas peculiaridades vão além da nossa personalidade e aparecem no jeito que expressamos nossa sensualidade, desejos e prazer. “Eu aprendo algo novo toda a semana que nunca tinha escutado antes, mas ser novo ou estranho não significa que é ruim. Isso é lindo, porque quando paramos para pensar nisso, todas essas manifestações vêm da diversidade humana. Somos todos diferentes, incluindo a maneira que nos expressamos sexualmente, e isso não é algo para ser temido ou estigmatizado, mas para ser celebrado.”

Escrito por Lacey JohnsonTradução livre de artigo publicado originalmente no The Oprah Magazine. Leia o artigo original.  

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